Armadura de Deus: Cingindo-vos com a verdade | Efésios 6:14



Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade [...] | Efésios 6:14

 Introdução 

Ao lermos esses versículos percebemos algumas coisas sobre a armadura. O primeiro ponto que verificamos é o verbo tomar; “tomai toda a armadura”. Ao lermos esse texto e atentamos a esta palavra percebemos que a armadura não é algo trabalhoso nem alguma realidade muito elevada e difícil de ser alcançada. O texto dá a ideia de algo que deve apenas ser tomado, como se ela já nos fosse dispensada. Que na verdade é o caso aqui. Em Efésios 1:3 lemos: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”. Veja que esse texto nos mostra que Cristo já nos abençoou com todas as bênçãos espirituais. E todas inclui também a armadura de Deus. Um dos erros dos crentes é achar que são incapazes de vencer. Entretanto nós já fomos abençoados! Aleluia!

O tomar também dá a intensão de algo ativo que nós, enquanto cristãos, fazemos. Podemos orar a Deus para que nos conceda tomar essa armadura, mas só a tomaremos quando nós mesmos nos dispusermos de coração inteiro a realmente tomá-la, pois já nos foi dispensada. Muitas vezes não somos capazes de tomar essa armadura, pois temos ainda muitas coisas que nos prendem e o nosso coração está ainda cheio do mundo. Devemos nos dispor de todas as coisas, a fim de tomar a armadura, através da obra do Espírito Santo em nós.

Como vimos rapidamente no estudo anterior, o objetivo da armadura é “para que possais resistir”. Devemos ter isso em mente. Resistir significa que não iremos atacar o diabo, apenas iremos nos defender ou contra-atacar, mas nunca tomaremos a iniciativa de lutar contra o diabo. Esse é um dos erros que vemos no cristianismo. É muito difícil ver equilíbrio quando falamos de guerra espiritual. Devemos entender que somos uma força de defesa e não de ataque. A própria armadura se concentra em armas de defesa. A única arma de ataque é a espada do Espírito (6:17).

Esse “resistir” é o mesmo que vencer o diabo em nossa luta exterior, como vimos no estudo anterior. Antes de mais nada devemos nos sujeitar a Deus, a fim de resistir ao diabo: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7). E então tomar toda a armadura de Deus.

O “dia mau”, que é falado em seguida, é um espaço cronológico de tempo em que o diabo intensifica seu trabalho contra a nossa vida. Este período pode durar muito anos ou mesmo toda uma vida e é usado por Deus para nos provar, aprimorar, purificar: “Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça;” (Lucas 22:31-32). A verdade é que o diabo está sempre trabalhando contra todo aquele que se levanta e busca, de coração sincero, conhecer a Deus. Ele está sempre atento contra aqueles que se colocarem dispostos a viver uma vida na presença do Senhor.

Essa vida espiritual não é tarefa fácil. Se fosse não haveria necessidade de tal armadura. A armadura tem outro objetivo além de nos ajudar a resistir ao diabo. Ele nos ajuda a “vencer tudo e permanecer inabaláveis”. Quem tem prática sabe que muitas vezes nós resistimos ao diabo à duras penas e ao final podemos até ter obtido a vitória, mas a experiência foi algo tão extenuante que nos sentimos esgotados por semanas ou meses a fio. Mas não é assim quando estamos cingidos com a armadura de Deus. Além da vitória o Senhor nos permite permanecer inabaláveis! Se tomamos a armadura não seremos abalados por coisa alguma, vento nenhum.

 Cingir com a Verdade 

O primeiro item da armadura é o cingir com a verdade. Muitas pessoas não compreendem a profundidade deste primeiro item da armadura. Você costuma ouvir sobre a espada do Espírito, sobre o escudo da fé, mas sobre cingir os lombos com a verdade poucas vezes você ouve. Isso porque a Igreja tem sido por muitos anos engodada com as artimanhas do diabo e hoje vivemos uma realidade onde as pessoas tem suas mentes cauterizadas. A verdade é a base de todo agir de Deus na terra. Interessante que o diabo é o extremo oposto: ele é o pai da mentira. Ele se opõe firmemente contra a verdade de Deus e usa as suas “verdades”, mesmo contra os irmãos, para os enganar.

Mas o que significa cingir? Cingir significa se preparar para o trabalho ou para a guerra. Na antiguidade tanto homens como mulheres usavam longas túnicas. Para realizar algum trabalho ou lutar em alguma guerra era preciso prender a sua roupa com um cinto. Assim você poderia se movimentar livremente. Se fossemos pensar isso em nossos dias seria como “arregaçar as mangas”, indicando que algo seria feito ou realizado. Um trabalho que necessite de uma maior mobilidade e que não pode ser impedido pela minha vestimenta.

Aqui o cingir remete a algo que fazemos em nossa vida. Não é algo físico, mas algumas atitudes que tomamos em relação a verdade, conforme Pedro relatou: “Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo” (1 Pedro 1:13). Assim cingir significa passar a ter uma atitude e comprometimento em relação à verdade. Isso nós fazemos, antes de mais nada, em relação ao nosso entendimento daquilo que é de fato verdade. Infelizmente muitos irmãos não conseguem ser vitoriosos porque não cingiram sua vida com a verdade, mas com muitas doutrinas de homens. Eles não estão cingidos com a verdade, mas com determinada doutrina. Não podemos cair nesse erro!

Essa verdade traz muita realidade, por isso trataremos alguns pontos acerca dela.

 A integridade Cristã 

A primeira questão que vemos em relação a cingir com a verdade trata da integridade em nossa vida cristã. Em Romanos 13:12-14 lemos: “Vai alta a noite, e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”. Esse primeiro aspecto é um tomar e cingir Jesus Cristo em nossas vidas, despojando toda obra trevosa. Essa é a integridade cristã, pois devemos ser inteiramente do Senhor nas nossas vidas cotidianas.

Não se engane. A vida é feita de escolhas. Aqui as obras das trevas são atos que nós praticamos. Todos nós somos pecadores desde o nascimento e convivemos muito de perto com o pecado, mas aqui o Senhor nos indica uma saída. Devemos nos despojar de tudo aquilo que gera morte e treva em nossas vidas, a fim de nos cingir e revestir de Jesus Cristo. Essa é uma escolha e atitude diária que deve ser tomada. Escolher viver uma vida de oração, leitura da palavra e comunhão com o Senhor e com os irmãos em detrimento a todas as outras coisas. O mundo não é apenas aquela parte suja e fétida do sistema, mas é tudo aquilo que não é parte do Reino do nosso Senhor. Se você não está se revestindo das armas da luz nem cingindo sua vida com o Senhor Jesus Cristo, irmão saiba que você já fez a sua escolha e está muito distante da vontade de Deus. Portanto andemos dignamente como em pleno dia.

 Verdade e Sinceridade 

Outro aspecto que vemos em relação a esta verdade fala de vivermos uma vida em verdade e com sinceridade. 1 Coríntios nos diz: “Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado. Por isso, celebremos a festa não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade” (1 Corintios 5:7-8). Interessante que aqui Paulo também trata sobre o fermento, algo que Jesus já havia citado (Marcos 8:15). “Lançar fora o velho fermento” significa nos desfazer de tudo aquilo que leveda nossas vidas. Fala também sobre o despojar do velho homem. Hoje é muito comum que irmãos vivam a vida cristã de maneira relapsa, permitindo que muitas coisas velhas ainda permaneçam em suas vidas. Entretanto não é isso que vemos na palavra. Precisamos cingir o nosso entendimento e lançar fora tudo aquilo que ainda atrapalha a nossa vida plena com o nosso Senhor.

Muitos podem considerar que uma coisa ou outra não fazem diferença para Deus, mas para esses tais eu peço diligência. Um certo bruxo famoso disse, certa vez, que o diabo é aquele que mora nos detalhes. E como ele estava correto! O diabo usa o nosso velho homem para que nós não possamos nos “renovar no espírito da nossa mente” (Efésios 4:23).

Outros até mesmo tentam, sem sucesso, lançar fora esse fermento. Eles têm boa intenção, mas não usam as armas corretas. A nossa cultura nos atrapalha bastante. Por ela nós devemos ser pessoas distantes umas das outras, fortes, que não tem problemas, que não tem falta de nada. Mas você se lembra do nosso primeiro estudo acerca da armadura? A cultura faz parte da trama dos “dominadores deste mundo tenebroso” (Efésios 6:12) e não pode servir de base para coisa alguma da vida cristã. Esse é o grande problema! Muitos irmãos vivem sua vida tão parecidos com o mundo que nem mesmo podemos distinguir entre o que é mundo e o que é Igreja.

Mas aqui Paulo nos revela algo maravilhoso. O contrário do “fermento da maldade e da malícia” são os “asmos da sinceridade e da verdade”. Temos sempre a escolha de celebrar essa festa com o pão fermentado ou com os pães asmos. E no caso dos pães asmos é como se ele nos estivesse avisando que a forma de vencer o fermento é com uma vida de sinceridade e verdade. Precisamos ser verdadeiros diante de Deus e entre os nossos irmãos na comunhão da Igreja. Devemos destruir inteiramente toda máscara que construímos para nós mesmos. Toda barreira e medo também devem cair. Tudo isso são armas de satanás para nos impedir de festejarmos com os asmos da sinceridade e da verdade. Ainda que estejamos em pecado, ainda que nossa vida vá de mal a pior, podemos nos achegar diante do nosso Cordeiro Pascal que foi imolado! Quando nos achegamos ao Senhor sem máscaras e jogamos sobre Ele as nossas misérias, somos homens e mulheres totalmente vitoriosos!

 A boa consciência e o amor de um coração puro 

Mais um aspecto referente ao cingir com a verdade é tratado em 1 Timóteo: “Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida” (1 Timóteo 1:5). Já tratamos sobre a verdade e a sinceridade, que é o ponto quando falamos dessa “fé não fingida” neste texto, portanto focaremos a boa consciência e o amor de um coração puro.

Aqui vemos os objetivos do mandamento, ou seja, das escrituras. A bíblia não foi escrita para ser reverenciada como um ídolo, mas ela deve servir para mudar as nossas vidas e por isso Paulo coloca três objetivos finais deste mandamento. O primeiro é o amor, que é o cumprimento de toda a lei. Mas algo é inserido: “amor de um coração puro”. Podemos achar que amando nosso irmão ou o Senhor com nosso sentimentalismo estaremos cumprindo a lei, mas essa não é a verdade. Devemos amar com o coração do Senhor e para tal precisamos de um coração puro.

A boa consciência é necessária para nos manter firmes na fé verdadeira e não nos desviarmos da verdade. Isso tudo se passa em nossa mente, por isso devemos manter uma boa consciência. “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé” (1 Timóteo 1:19). Como vimos nos estudos anteriores, uma das formas de ataque de satanás se passa em nossa mente. Ela é um campo minado de onde devemos estar sempre atentos e vigilantes acerca daquilo que cremos, daquilo que entendemos e daquilo que pregamos. A nossa única firmeza deve ser o Senhor Jesus em nossa vida. Todo o resto deve passar pelo crivo da boa consciência.

 Soldados na guerra 

Por fim, o último aspecto relativo ao cingir com a verdade refere-se à dedicação ao ministério. “Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra” (2 Timóteo 2:4). Enquanto servos do Senhor devemos compreender que nossa vida deve servir para cumprir toda a vontade de Deus. E quando falamos em cumprir a vontade de Deus devemos nos ver como soldados em uma guerra, onde o objetivo final é a vitória contra o diabo, nosso inimigo. Nenhum soldado em meio à guerra se preocupa com negócio alheio a guerra em si. Da mesma forma nós não podemos nos embaraçar com as coisas desta vida, com negócios, entretenimento, etc. Irmãos cada um de nós estamos em guerra! Não pense que ao mencionar ministério essa palavra serve apenas para o pastor dos cultos de domingo, ou para o pregador do rádio ou televisão. Não! Toda a Igreja precisa servir o Senhor com seu ministério ou dom. Se você não sabe ainda qual dom ou ministério possui, busque do Senhor com todo o coração que Ele terá prazer em responder à sua oração.

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