Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça | Efésios 6:14
Introdução
O segundo item da Armadura de Deus é a couraça da justiça. A couraça é aquela grande parte de ferro que protege da cintura até o pescoço, tanto no peito quanto nas costas. Ela é usada como uma arma de defesa que protege todos os órgãos vitais como o coração, pulmões, rins, etc. Na Armadura de Deus ela continua guardando esses órgãos, mas principalmente o nosso coração.
Fonte de águas vivas
Provérbios 4:23 nos diz: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida”. Não é a toa que Paulo dedica um item específico da armadura para o nosso coração. Se soubéssemos a importância de possuir um coração limpo para servir o Senhor o guardaríamos com maior zelo e exclusividade. Infelizmente o que vemos por ai, principalmente entre os jovens, é que muitos pequenos tem doado seus corações às muitas paixões. O diabo tem tido êxito em sua estratégia de despertar os jovens à imoralidade sexual desde muito novos e infelizmente a Igreja não está longe dessa realidade. A imoralidade dentro das igrejas é tal que o conceito de certo e errado, dentro da comunidade cristã, tem se degradado ao longo dos anos.
Esse é um dos aspectos, mas não é o único. Na verdade quando nós dedicamos nossa vida a qualquer coisa que não é o amor incondicional ao Senhor unicamente nós erguermos um ídolo em nossa vida que faz com que nós percamos a fonte eterna e principal: o Espírito Santo. Como o nome diz o Espírito é santo e não se mistura a coisa alguma. Tiago nos adverte quanto a isso: “Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós?” (Tiago 4:4-5). Duras palavras! Porém mais verdadeiras e cortantes do que a espada de dois gumes! Se nós, ainda que por pouco que seja, nos misturamos com o mundo e com as suas amizades, estamos fadados a perder a fonte da vida eterna. Não precisamos nos afundar em pecados e dissoluções para nos afastar de Deus. Basta que nós tenhamos amizade com o mundo.
Mas isso não é novo, é um erro antigo como profetiza Jeremias: “Houve alguma nação que trocasse os seus deuses, posto que não eram deuses? Todavia, o meu povo trocou a sua Glória por aquilo que é de nenhum proveito. Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai estupefatos, diz o SENHOR. Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jeremias 2:11-13). Ah Senhor! Dá-nos das tuas águas eternas! Irmãos, constantemente nós procuramos cisternas rotas para nos saciar. E enquanto estamos junto à fonte vem o Senhor nos oferecer a água viva (João 4)! Temos de ter cuidado para não continuar bebendo dessa água à qual nós tornaremos a ter sede, mas beber daquela que subsiste para a vida eterna. Aquela que o filho nos dá.
Função da couraça e os ardis de satanás
É para isso que serve a couraça hoje. Ela serve para blindar o nosso coração e impedir que a nossa mente cave para si mesma cisternas rotar que não retém água. Devemos atentar para esse perigo, pois mesmo que nós não tenhamos esse entendimento tem alguém que sabe muito bem das possibilidade e perigos que residem no descuido com o nosso coração.
É exatamente o nosso coração que Satanás procura alcançar ao lançar seus dardos. Constantemente ele lança sobre a nossa mente ideias e sugestionamentos a fim de alcançar o nosso coração e contaminar toda a nossa vida. E se esses dardos conseguem penetrar o nosso coração então ele alcançou seu intento, contaminou nossa vida, bloqueou o agir de Deus em nós e através de nós.
Uma das armas que Satanás frequentemente usa para disparar seus dardos é a condenação. A condenação é uma de suas piores armas, pois faz o coração e todo o nosso ser interior adoecer. É uma poderosa arma de Satanás para corromper a nossa comunhão com Deus. Se cometemos pecados ou erramos o alvo isso não pode ser motivo para nos afastarmos de Deus. Entretanto é nesse momento que satanás lança seus dardos a fim de causar confusão. Quantas vezes não pensamos que não somos merecedores do amor de Deus? Ou quantas vezes nos sentimos tão sujos que mesmo o orar se torna algo pesado e um enfado enorme? Entretanto tudo isso é engano para que nós não alcancemos de Deus a redenção.
Quem é aquele que não possui pecado? Ou quem é aquele que não peca? João nos diz: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (1 João 1:8). Essa ainda é uma realidade para nós homens carnais. Mas ainda existe outra realidade: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9). Glória a Deus! Porque não é por obras que somos salvos, mas por fé no filho de Deus!
A justiça do homem, trapos de imundícia
Além de nos perdoar os pecados o Senhor deseja nos “purificar de toda injustiça”. Mas o que significa isso? Injustiça aqui é tudo aquilo que não está em conformidade com a justiça de Deus. Muitas vezes podemos caminhar em condenação tal que nos sujamos ainda mais por não acreditarmos que podemos voltar à vida e à comunhão com Deus. Mas Deus deseja e irá nos purificar de toda essa injustiça no momento em que confessarmos os nossos pecados, abrirmos o nosso coração e O buscarmos com fé e confiança.
Não podemos confiar em nossos sentimentos e nem naquilo que vemos, porque a nossa justiça é carnal e naturalmente injusta e não vislumbra a obra de Deus em nossas vidas. Porque “todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia” (Isaías 64:6). A única justiça que deve governar o nosso ser é a justiça de Deus, mas como alcançar tal justiça? Paulo nos responde essa questão: “e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé” (Filipenses 3:9). A justiça que temos contra o diabo é mediante a fé em Cristo, na obra redentora que Ele mesmo realizou por nós e não por obras que nós podemos realizar. É com essa fé que temos que basilar os pilares da nossa vida (Romanos 3:22-24; 5:1).
A justificação
Essa couraça tem uma característica que é a justiça. Mas essa justiça não é a nossa própria, que como vimos é falha. Mas é a justiça de Deus pela justificação. Todos sabemos que fomos justificados em Cristo, mas o que isso de fato significa e acarreta em nossas vidas?
Justificação é a ação de Deus em nos imputar a sua justiça para que possamos ser agradáveis aos seus olhos e aprovados de acordo com seu padrão de justiça. Sua justiça é o padrão, não a nossa. Essa justificação se baseia no resgate de Jesus Cristo, que morreu por nós na cruz. Assim a sua justificação se baseia em um ato de justiça, que foi a morte de Jesus por nós. É baseado nessa realidade celeste que podemos nos achegar diante de Deus justificados, isto é, justos diante de Deus.
Talvez você não tenha noção do tamanho dessa realidade, porque todos nós nascemos já na era da graça. Mas não foi sempre assim. No passado muitos homens não tiveram essa oportunidade, pois a lei estava enferma pela carne, como nos diz o apóstolo Paulo: “Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne;” (Romanos 8:3). Nós devemos louvar e agradecer o Senhor pelo seu sacrifício porque nos propiciou viver uma vida plena diante do Senhor. Hoje, em Cristo, somos justos na presença do Senhor podendo ir e vir como nos convém e desfrutar de toda a plenitude de Deus através do Espírito Santo, que habita em nós. Isso não é algo pequeno. Outrora estávamos separados de Deus! Uma única pessoa, o sumo sacerdote, se colocava diante do Senhor uma vez por ano. Mas hoje temos acesso livre ao Santo dos Santos e podemos ir e vir na presença do Senhor! Aleluia! Deus seja louvado!
Hoje não necessitamos mais fazer votos nem sacrificar animais ao Senhor, pois sua justificação foi completa e perfeita. Veja: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós” (Romanos 8:33-34). Ao crermos no Senhor com fé em sua obra redentora, estamos justificados! Aleluia! Não precisamos fazer coisa alguma! Se alguém lhe disser o contrário não acredite. A obra justificadora de Deus foi, de uma vez por todas acabada.
A prática da Couraça
Na vida cotidiana nós devemos ter essas realidades bem fixadas em nossa mente e sempre que pudermos nos lembrarmos delas de tal forma que criamos, de fato, uma couraça que proteja o nosso coração. Devemos entender que nós somos chamados a andar pela justiça de Deus e praticar atos justos.
Precisamos pensar como verdadeiros soldados em uma guerra. O soldado a todo momento está de prontidão e atento ao que se passa ao redor. Ele permanece comprometido e focado exclusivamente na guerra e em mais nada. Ele sabe que a sua vida depende disso. E assim como esse soldado, a nossa vida também depende de permanecermos focados e atentos. Precisamos de dedicação, devoção, disposição. Na guerra existem muitas situações em que essas características vão definir o futuro da batalha, portanto precisamos desses atributos. O soldado também precisa saber qual a sua função no batalhão. Existem muitos tipos de soldados e isso também acontece na Igreja. A Igreja deve ser um exército bem ordenado e essa ordem passa pelo fato de cada um nós entender muito bem a nossa posição e função nesse exército. Também é bom entender as artimanhas do nosso inimigo para não sermos pegos de surpresa. Se caminhamos assim então será muito difícil que algum dardo inflamado atinja o nosso coração.
Devemos lançar fora toda maldade, pecado, injustiça, desobediência, malícia. Tudo isso são meios e caminhos que o diabo usa para nos atingir. Se temos alguma dessas coisas em nossa vida estamos vulneráveis a ser atingidos pelos seus dardos. Mas se guardamos o nosso coração baseados na justificação de Deus em Cristo e nos focarmos na vida e na obra da Igreja, então estaremos vestidos com essa couraça de ferro impenetrável para os dardos inflamados do maligno. Que o Senhor nos ensine esse caminho para sermos vitoriosos.
1 Comentários
amém, edificante!
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