A falsa moralidade cristã


Recentemente eu participei de uma longa discussão com alguns irmãos sobre a catequização cristã e chegamos a algumas conclusões bem interessantes. Neste texto falaremos sobre a falsa moral cristã da nossa época e como ela está enfraquecendo a realidade viva de Cristo em nossos vidas.

 A lei e a graça 

Antes de falar qualquer coisa sobre este tema devemos nos lembrar de uma realidade muito grande na vida do cristão. Esta realidade é que não vivemos mais sobre o jugo da lei. Tudo que a antiga lei exigia foi completo em Cristo e hoje nós vivemos segundo a lei da graça. Independente do nosso pensamento acerca destas coisas, esta é uma grande realidade. A graça veio de uma vez por todas para aniquilar qualquer exigência que existia na lei. Não precisamos mais de sangue de bodes ou novilhos para nos purificar, assim como não necessitamos fazer mais nada para nos achegar a Deus. Tudo que precisamos é da maravilhosa graça derramada através de Jesus na cruz. Este é o primeiro aspecto.

 Somos todos pecadores 

Infelizmente existem muitas pessoas que utilizam o discurso da graça para explicar o seu pecado, como se o pecado fosse uma atitude muito estranha a nós homens pecadores. Todos nós, cristãos ou não, temos uma grande coisa em comum: somos todos pecadores miseráveis. A graça nos revelou esta realidade tremenda em nossas vidas. Somos todos pecadores. Se não entendemos verdadeiramente que minha natureza é pecadora, por conseguinte também não entendemos que a graça é para nós, homens de pequena fé.

Enquanto houver um sopro de orgulho em nossas vidas restará ainda a esperança de que eu sou capaz de acertar. Que sou capaz de levar uma vida digna e sem pecado. Assim continuamente vamos nos afastando da realidade de quem realmente somos.

Aquele que entende profundamente a graça de Deus entende também que somos todos meros pecadores. Não existe a mínima possibilidade de sucesso na tentativa de alcançar a perfeição por si mesmo. Não é possível alcançar estas coisas desta forma.

 A moral cristã contemporânea 

O grande problema que exergo, neste sentido, é a falsa moral cristã. Vivemos um tempo onde tudo se baseia na aparência. Todos nós buscamos o aparente, o bonito. Como vivemos em um meio social e midiático é importante que a minha imagem seja impecável. Porém, se lermos os parágrafos anteriores, perceberemos que a nossa imagem não pode ser impecável. Somos todos pecadores e estamos sujeitos ao pecado enquanto estivermos neste corpo físico.

Enquanto a Igreja reproduzir esta mentira ela reproduzirá também a falsa moral cristã. Nesta falsa moral não importa se você é realmente santo, importa você demonstrar a sua santidade. Não importa se você tem intimidade com Deus, importa que você demonstre intimidade. Não importa se você conhece as escrituras, importa você se engrandecer se passando por mestre. Veja que nos nossos dias vale mais demonstrar do que ser.

Por isso as pessoas tentam em vão alcançar objetivos na vida cristã. É como uma pessoa que não acredita que é um pássaro, mas que ainda assim quer voar. Se você perguntar nas Igrejas quantos são pecadores eu duvido que qualquer um levantará a mão. Não se trata enfrentar o pecado, trata-se de aceitar a graça de Deus de forma passiva.

Porém é mais fácil parecer do que ser. Fazer do que permitir. E assim vai-se reproduzindo uma mentira. Enquanto a Igreja não cair na real e enxergar os iguais a nós dificilmente veremos qualquer mudança de caráter nos irmãos. É impossível alcançar a graça se não compreendermos realmente a nossa realidade pecaminosa.

 A vida de Cristo vai além da moralidade 

Tudo que nos resta é aceitar quem somos e nos debruçar intensamente sobre a graça. Não importa quanto tempo de crente você tenha ou o quanto você peca diariamente. A nossa realidade não é diferente daqueles que são taxados de pecadores para este mundo. A única solução para o problema do homem é a graça de Deus que se derrama sem o menor esforço pessoal. Basta aceitá-la. Basta permitir que esta graça se derrame sobre a sua cabeça. Você não precisa nem ao menos sair do lugar. Agora mesmo você pode se voltar a Deus em espírito para que esta graça encha a sua vida.

Em determinado momento da minha vida cristã eu cheguei a conclusão de que ser cristão não se trata de fazer alguma coisa, mas de se abrir e permitir que a graça dele te envolva. Não é a toa que Jesus compara o nosso coração a vários tipos de terreno. A nossa vida é como um terreno que recebe a semente viva. Se você permite que esta graça penetre a sua vida, certamente ela nascerá. Mas se procuramos outras coisas e fechamos o nosso coração, por mais aparente que seja a nossa vida cristã ela será vazia.

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